|
|
|
Quais os motivos que estão na base do regicídio? |
Os últimos anos da Monarquia Constitucional foram anos conturbados. Os grandes partidos da oposição inviabilizavam sistematicamente os actos governamentais. Por outro lado, a propaganda republicana avançava. Esta situação levou à intervenção directa do rei que, demitindo o governo de Hintze Ribeiro, em 1906, encarregou João Franco de formar ministério. Este governou constitucionalmente durante alguns meses, com maioria própria e o apoio do partido progressista nas Cortes. Em Maio de 1907 esta aliança dissolveu-se. João Franco dissolveu as Cortes e, com o apoio de D. Carlos, passou a governar em Ditadura. Este foi um governo impopular, que teve contra si a maioria das forças organizadas do País, e que se impôs pela força e pela opressão. |
Implementou em 11 de Abril de 1907 uma nova lei de imprensa, de carácter altamente repressivo, agravada por uma outra, em 20 de Junho, proibindo a circulação, exposição ou qualquer outra forma de publicidade dos escritos, desenhos ou impressos atentatórios da ordem pública. Os periódicos passaram a necessitar de autorização prévia para serem publicados. Acima de tudo, pretendia abafar-se o escândalo dos Adiantamentos à Casa Real, que viera a público em 1906. Em 5 de Junho dissolveu a Câmara Municipal de Lisboa e, em 12 de Dezembro, igual destino tiveram todas as juntas gerais, comissões distritais, câmaras municipais e juntas de paróquia do País, substituídas por comissões administrativas. Por decreto de 19 de Agosto e 21 de Novembro, remodelou o Juízo de Instrução Criminal e a Polícia Civil de Lisboa, multiplicando-se as prisões sem culpa formada. A actividade política dos centros republicanos foi proibida. |
A greve dos estudantes de Coimbra, em Abril de 1907, converteu-se em movimento geral contra o governo. Pelo menos desde Novembro de 1907, Republicanos e Dissidentes Progressistas, enquadrados pela Maçonaria e Carbonária, começam a conspirar contra João Franco e contra o rei, evoluindo para uma revolução, em 28 de Janeiro de 1908, sufocada à nascença, com a prisão de dirigentes de ambos os partidos. Por decreto de 31 de Janeiro, os crimes políticos passaram a ser punidos com o degredo para as colónias. |
Para alguns, o atentado de 1 de Fevereiro de 1908 visava na verdade João Franco, e foi o seu não aparecimento em público no cortejo das carruagens reais que teve como desfecho a morte de D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe. | | |
Adaptado de A. H. de Oliveira Marques, “A Monarquia Constitucional”, in História de Portugal, vol. III, Das Revoluções Liberais aos Nossos Dias, Lisboa, Presença, 1998, pp. 59-64, e Portugal. Da Monarquia para a República, in Nova História de Portugal, Lisboa, Presença, 1991, pp. 691-694. |
Para saber mais, consulte: No catálogo das BLX, os assuntos: Regicídio, 1908 (Portugal)
Franco, João, 1855-1929 Carlos I, rei de Portugal, 1863-1908 Na Web:
O Regicídio visto por D. Manuel II O Governo de João Franco
Veja também: |
Montra Bibliográfica Virtual |
Revelar LX |
Hemeroteca Digital |
Arquivo Municipal |
|
|
|
|
|