Nas palavras do próprio autor, o artista plástico Luis Vieira-Baptista, “a legítima aspiração de qualquer jovem quando acaba os seus estudos é exercer a profissão a que esse caminho o leva. Mas quando antes de o poder fazer havia um serviço militar a cumprir numa guerra em África, a possibilidade de poder regressar em condições físicas e emocionais diminuídas, ou mesmo se sobreviverá ao fogo inimigo, foram para mim uma grande condicionante. Antes de trocar esse tempo de tropa por um compromisso de sete anos ao serviço da Marinha Mercante, ainda tentei imigrar para um país que não me recambiasse de volta a Portugal, como acontecia com a Suécia no principio dos anos setenta. E foi para lá que fugi, sem participar a ninguém, nem aos meus pais, embora vivesse com eles e fosse um menor com 17 anos. Este livro é o relato das peripécias e expedientes que eu levei a cabo para o conseguir, assim como as razões que me levaram a lá não ficar ao abrigo do asilo político. Também há repercussões muito curiosas desta viagem nos anos seguintes, estando bem presentes as sincronias do acaso. Acho que as vicissitudes porque passei justificavam não as deixar morrer comigo, legando assim, humildemente, o relato escrito desses momentos incríveis que me foram dados viver, um testemunho de uma época complicada de que fui protagonista e que felizmente acabou bem.”