Descrição
“No Planeta Onde Vivo é o título que Guilherme Silva (Lisboa, 1948) deu a um portfolio com cerca de 70 provas impressas pelo próprio (a preto e branco, maioritariamente no formato 30 x 40 cm) que considera o seu trabalho mais representativo.
É um título recorrente no seu trabalho e em exposições, mas que assume como o mais emblemático.
Tendo como base de trabalho este portfolio, a exposição alarga-o através da inclusão de material de arquivo e depoimentos do próprio (escritos e gravados em vídeo), preservando-se os formatos e as impressões originais das imagens feitas pelo fotógrafo.
Com uma atividade desenvolvida essencialmente entre as décadas de 1970 a 1990, o seu trabalho insinua-se na transição de uma estética ligada aos foto-clubes e aos salões fotográficos das décadas anteriores, para a afirmação da expansão do fotojornalismo e de um alargamento da imagem tanto pensada em torno de projetos pessoais de longa duração (sociais ou documentais), como na vertente autoral associada às artes plásticas.
Não foi este último aspeto a interessar o fotógrafo que pautou a sua vida profissional essencialmente em duas vertentes, a captação do acontecimento no âmbito do fotojornalismo e a série fotográfica documental, alicerçada em projetos pessoais.
No entanto, a sua participação nas emblemáticas primeiras edições dos Encontros de Fotografia de Coimbra (1980 a 1982), uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para o desenvolvimento de trabalho pessoal (1985), ou a sua participação na exposição Fotoporto (1988), na Fundação de Serralves, fazem do seu trabalho uma referência importante na mediação entre a reportagem, o ensaio e o projeto fotográfico.
Com uma vida profissional exclusivamente ligada à produção de imagem em película fotográfica, assume-se como um colecionador de histórias de vida, tendo encontrado em alguma vivência nómada e boémia a inspiração certa para encontros e desencontros que registou.
A frase do fotógrafo Burk Uzzle (1938) – A fotografia é uma história de amor com a vida – por si adotada, denota bem a relação que ele próprio sempre manteve com a imagem fotográfica.”
José Oliveira, Curador da exposição