Descrição
Enquanto contributo para a arte paisagista na cidade de Lisboa, este livro centra a abordagem nos espaços públicos, na sua génese e distribuição espacial, no cruzamento de influências culturais de origens geográficas diversas e no desenho e na composição arbórea dos jardins e parques históricos da cidade. A criação destes espaços verdes urbanos onde a botânica se alia à arte configurou numa paisagem cultural única e singular da capital portuguesa. O alcance do estudo vai de 1755 aos anos 60 do século XX. Este desafio foi possível graças ao projeto de investigação LX Gardens – Jardins e Parques Históricos de Lisboa: estudo e inventário do património paisagístico, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e desenvolvido de 2011 a 2014, tendo como principal objetivo estudar, valorizar e divulgar este património paisagístico de Lisboa. O carácter interdisciplinar desta investigação permite dar a conhecer os jardins lisboetas e a sua relação com a expansão urbana. Foi estudada a evolução dos jardins desde o século XVIII, com a criação do Passeio Público (atual Avenida da Liberdade) até ao período do modernismo nos anos 60 do século passado, com a expansão das Avenidas Novas, Olivais e Restelo. Foi também registada a localização, quantificação e identificação de espécies arbóreas no levantamento de arvoredo realizado em 2014, no âmbito do projeto acima referido. Este inventário possibilitou também o estudo da diversidade de espécies arbóreas que se destacam pela sua antiguidade, pela sua originalidade de proveniência geográfica, por marcarem a memória de um lugar e/ou por terem um papel relevante na conservação de espécies ameaçadas no seu habitat natural. Assim, no âmbito da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, este livro testemunha a história de 60 jardins e parques lisboetas, e divulga o registo do seu arvoredo, realizado no ano 2014, com a identificação e a localização das 27.610 árvores, com uma diversidade de 799 espécies. O legado desta riqueza arbórea e paisagística reforça de forma determinante o inestimável valor deste conjunto de parques e jardins públicos e aponta para o compromisso sério de conservar, valorizar e divulgar este património vegetal. Acrescem na relevância do tema abordado “árvores e jardins”, os seus evidentes benefícios ao serviço do ecossistema urbano e fica patente o reconhecimento de envolver os seus responsáveis na agenda atual da sustentabilidade – resiliência urbana, qualidade do ar, mitigação das alterações climáticas, biodiversidade, redução da temperatura e conservação das espécies botânicas. É crucial garantir a conservação deste património através de medidas que as protejam, pois ele é o substrato que assegura a diversidade, a beleza e a cor de Lisboa. — Os primeiros dois capítulos apresentados por especialistas nacionais refletem sobre os jardins e parques públicos de Lisboa à luz das tendências e estilos internacionais sublinhando as formas próprias locais dos miradouros e quintas de recreio, no âmbito da história da arte dos jardins. Analisa-se depois o que foi o arvoredo das ruas de Lisboa, o seu inventário e a sua gestão pelos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa na segunda metade do século XX. Os três capítulos seguintes, escritos por especialistas internacionais, analisam o papel do turismo cultural europeu e os jardins históricos, e a importância dos inventários do património paisagístico na salvaguarda dos jardins históricos europeus. Dão também a sua opinião abalizada sobre os jardins e os parques de Lisboa, valorizando aqueles que mais conhecidos são no mundo da arquitetura paisagista internacional. O capítulo VI apresenta a metodologia abordada neste estudo para o inventário do património paisagístico de Lisboa. O seguinte constitui o cerne do trabalho do projeto LX Gardens e foi escrito por 33 autores apresentando a história específica de cada um dos 60 jardins e parques históricos de Lisboa, rematando, no capítulo VIII, com uma análise da diversidade do arvoredo dos jardins históricos da cidade. O capítulo IX conta com a contribuição, de cinco autoras envolvidas no projeto LX Gardens, de uma proposta de percursos temáticos que serve uma função turística e cultural para o conhecimento específico da cidade através dos seus jardins, parques e miradouros. A obra termina com as considerações finais escritas por uma autora e professora de História da Arte dos Jardins, nas quais consigna a contribuição que este livro representa como registo a identificação das árvores nos jardins urbanos e da legislação que as defende, e aponta para o futuro do arvoredo que tem agora uma base para decisões informadas que valoriza esta infraestrutura urbana, essencial aos tempos de mudança que vivemos. Por último relembra a relevância do restauro, salvaguarda, valorização e divulgação do património paisagístico.