Descrição
Carlos Paredes (1925-2004). Filho de Artur Paredes, neto de Gonçalo Paredes e sobrinho-neto de Manuel Rodrigues Paredes, é herdeiro de uma vasta tradição familiar onde a guitarra esteve sempre presente.
Com o pai, Carlos Paredes aprendeu as primeiras posições de mão na guitarra e, por brincadeira, começou com cerca de 9 anos a acompanhar o pai. Mais tarde, já com 14 anos, apresenta-se em parceria com Artur Paredes num programa semanal, da autoria deste, na Emissora nacional.
Por volta de 1934 a família instala-se em Lisboa. Frequenta o Liceu Passos Manuel. Será nesta altura que irá adquirir a sua formação musical, tendo aulas de violino e piano. Carlos Paredes nunca rejeitou a influência que recebeu, tanto da música popular portuguesa como do próprio fado de Coimbra. A renovação e reinvenção da sonoridade da guitarra portuguesa que fez, resultou duma geração de 60 revitalizada por novos conceitos socioculturais, onde floresciam as vozes de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Luiz Goes e António Bernardino, bem como a poesia de Manuel Alegre, a guitarra de António Portugal e as violas de Rui Pato e Luís Filipe, em suma, toda uma geração coimbrã que, preservando a riqueza etnomusical que a antecedia, revolucionou a guitarra por dentro e cantou valores que a projetariam inevitavelmente no futuro.
Desse gosto pela aventura nasceu uma vasta obra musical que, passando pelo Teatro, pelo Bailado e pelo Cinema, faz de Carlos Paredes um dos mais completos compositores / instrumentistas que a guitarra portuguesa conheceu, apesar de nunca ter optado pela profissionalização. A última atuação em público de Carlos Paredes foi em Outubro de 1993, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, acompanhado por Luísa Amaro. Em Dezembro de 1993 foi-lhe diagnosticado um grave problema de saúde que o impossibilitava de tocar guitarra e que o manteve afastado da vida ativa até à data do seu falecimento, em 2004.
A sua obra fez escola e assume, na cultura musical portuguesa, um valor incalculável. Entre Junho e Setembro de 2000, o Museu do fado deu a conhecer o percurso biográfico e profissional de Carlos Paredes, através de uma exposição temporária de título “Estar com Paredes”.