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Herberto Helder

“Só a partir dos meus quarenta e cinco anos comecei uma biblioteca inamovível. E apenas com essa mantive uma relação de reiterado conhecimento. Devo falar desse conhecimento porque ele funda e dá sentido à própria existência desse conjunto intimamente quotidiano de livros […]”. As palavras são de Herberto Helder (1930-2015), e surgem num texto inédito não publicado, gentilmente cedido pela família.

O poeta, escritor e tradutor português conhecido pela sua poesia inovadora e complexa, é considerado uma das figuras mais importantes e influentes da literatura portuguesa do século XX.

Herberto Helder é um dos mentores da poesia experimental portuguesa e constituiu, desde 1973, a sua biblioteca particular.

Para a conservação da biblioteca em muito contribuiu o empenho pessoal do poeta, que envolveu os livros em capas de papel kraft, assinalando no exterior, de forma manuscrita, o título e autoria da obra em causa.

A maioria das obras apresenta, igualmente, assinatura autógrafa de Herberto Helder na página de rosto, sendo que outras apresentam dedicatória dos respetivos autores a Herberto Helder. Da referida biblioteca constam igualmente colaborações de Herberto Helder em periódicos ou obras coletivas.

Após o falecimento do autor, os herdeiros manifestaram o desejo de que a sua biblioteca pessoal pudesse ser disponibilizada ao público, numa das bibliotecas do Município de Lisboa.

Assim, no dia em que o poeta faria 92 anos, a 23 de novembro de 2022, abriu ao público, na Biblioteca Palácio Galveias, a sala Herberto Helder.

Os cerca de 8 mil títulos da sua coleção pessoal e as estantes que os acolhem, estão dispostos de acordo com a arrumação do autor na sua própria casa.

O autor caracteriza a biblioteca “[…]  fluente, como qualquer outra biblioteca organizada. Acontece, contudo, que a sua fluência não lhe advém, por exemplo, da ordem onomástica de autores, da organização temática ou de géneros, ou de épocas ou movimentos e escolas, ou mesmo de línguas. A fluência provém de elementos de natureza muito mais íntima […]”.

Ainda nas palavras do poeta, integram a biblioteca “[…] Livros de bolso, a maioria, tudo brochuras, nenhuma edição rara, muita edição francesa, autores próprios, traduções, que ninguém lê, clássicos portugueses, que ninguém sabe decifrar (parece-lhes língua estrangeira), poetas, ficcionistas, ensaístas anteriores ao séc. XX, autores ignorados, culturas ignoradas, ou tão visíveis que lhes queimam a vista – eis a minha biblioteca, não alguns milhares de volumes, não uma enorme biblioteca. São de qualquer modo livros de mais para carregar por uma vida inteira fora […]

 

Condições de acesso: Consulta local na Biblioteca Palácio Galveias.

Contacto: Biblioteca Palácio Galveias

Tel: 218 173 090

Email: bib.galveias@cm-lisboa.pt e bib.galveias.emp@cm-lisboa.pt