É o traço de um corpo em travessia, um percurso de um corpo livre até ao limite da sua própria contenção.
Em linha regressão, o que era emancipação torna-se contenção. O que era um gesto, torna-se defesa.
O caminho inverso não é nostalgia, é denúncia… o corpo, a identidade, a liberdade do ser…

O tempo aqui corre ao contrário. Retraído e silenciado. Calar não é fazer desaparecer, porque nem todo o silêncio é aceitação. Quando o corpo cede, algo dentro persiste. Memória. Em gesto, o corpo renega a rendição. Não é um recuo. É o eco de um corpo que outrora foi… Um corpo que grita sem pedir. Porque há gritos que, mesmo despidos, não se calam. E o corpo, ainda que ferido, sabe que não se volta atrás. É sobre o retrocesso e sobre a resistência ao retrocesso. No fundo de um gesto contido, há sempre um recomeço. O que se conquista não se devolve ao silêncio. Um grito que mesmo nu, não se rende.

Um grito ainda que nu, permanece. Uma procura que não termina. Porque nem todo o recuo é uma rendição.

• Direção e conceção de João Fernandes e Madalena Xavier com interpretação dos estudantes do 1º ano da Licenciatura em Dança
• Dinamizado por: IPL – Escola Superior de Dança
• Sugerido para maiores de 6 anos

Sessões nos dias 25 e 26 junho, 21h00, na Biblioteca de Marvila.

Entrada livre.

Crédito da imagem: ©telmameirafotografia

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